Há dois meses, o motorista Ricardo José Neis, de 47 anos, atropelou um grupo de ciclistas em Porto Alegre e deixou 17 feridos. Em entrevista ao Fantástico, ele tentou explicar o motivo de seus atos.
“Eu nunca tive a intenção de provocar a morte dessas pessoas. Eu nem conhecia eles, não teria nenhuma razão para matá-los”, afirmou. “Eu só pensei que, se eu parasse, eu seria linchado. Minha única alternativa era sair dali”, disse.
Orientado pelos dois advogados, que acompanharam a gravação, Neis manteve sempre a mesma versão. “Naquele momento, naquela situação, eu estava sendo agredido, eu entrei em pânico”, afirmou
“Fecharam o trânsito e tomaram conta da rua ali. Eu parei o carro, alguns deles se atiraram para cima do capô, outros deram alguns socos. Eu fiquei bastante nervoso, e meu filho também. Então, eu procurei apaziguar. Baixei o vidro, disse para eles que não precisavam fazer daquela maneira, porque havia lugar para todo mundo na via”, afirma Neis.
Fugiu sem prestar socorro
Depois de atropelar os ciclistas, Neis fugiu sem prestar socorro às vítimas. Ele foi preso e denunciado por 17 tentativas de homicídio e chegou a ficar quase um mês na cadeia.
“Eu agi de forma instintiva, a minha intenção era sair dali. Eu estava em pânico, eu estava com medo. Se eu pudesse prever o que aconteceria, se eu pudesse prever a agressão, mas eu teria que ter uma bola de cristal”, disse Neis.
"Eu agi por impulso. Não agi por vingança, de maneira nenhuma. Agi por instinto de fuga. Você há de convir comigo que você não pode ter uma manifestação, uma passeata, no meio do trânsito”, justifica Neis.
Os ciclistas Marcos Rodrigues, Suryan Cury e Ricardo Ambus estavam no grupo que pedalava naquela noite. Eles contestam a versão do atropelador e dizem que não foram eles que começaram a confusão.
“Naquele evento, não tinha nenhuma pessoa tomando atitudes agressivas. As pessoas ficaram até em volta do carro para tentar parar ele, porque ele estava, de fato, acelerando, dando aquelas pequenas aceleradas para passar”, conta Cury.
“Ninguém quebrou o carro dele, ninguém! Bateram na janela: ‘Calma aí, vamos conversar’, e ele não se mostrou nem um pouco aberto ao diálogo”, diz Rodrigues, uma das vítimas. “Ele é um exemplo de muitos motoristas que estão por aí descontrolados”, aponta Ambus, outra vítima do atropelamento.
O ciclista Marcos Rodrigues aparece nas imagens no momento em que o motorista avança sobre o grupo. “Eu comecei a ouvir um barulho de batidas, e foi aí que eu olhei para trás e vi gente voando por cima do carro. Aí eu pensei: ‘Bom, eu tenho que sair daqui’. Só que eu acordei no chão”, disse.
“Graças a Deus que foram lesões leves e danos materiais. Graças a Deus. Não estou nem preocupado com meu carro. Graças a Deus que não aconteceu nada pior”, disse o motorista.
Nenhum comentário:
Postar um comentário
Comente nossas postagens,assim você nos ajuda a melhorar o nosso conteúdo.